25/03/2015

procurando pelo futuro

No Brasil, o gay ainda é visto como apoio cômico nas novelas. As mudanças, obviamente, estão ocorrendo gradativamente, porém, ainda há aqueles personagens que servem apenas como muleta e em nada contribuem para a 'aceitação'. E, estranhamente, quando há personagens gays realmente interessantes (como está ocorrendo agora em "Babilônia"), eles simplesmente não são aceitos pela maioria, afinal, gay que é gay, é exagerado, melhor amigo de alguma mocinha chata e extremamente engraçado. Não é uma pessoa. É praticamente um ser programado para ser aquele clichê ambulante. Não que isso seja uma verdade absoluta e não que esses clichês ambulantes não existam, mas... Somos mais que isso, certo? Possuímos uma vida e procuramos por igualdade. Seja afetado ou não (obviamente). Mas essa introdução nem é pra falar sobre esse boicote fora de órbita que está acontecendo, mesmo que seja pertinente para o foco dessa postagem, mas, sim, pra falar de "Looking", série americana produzida pela HBO.

"Looking" é tudo aquilo o que a televisão brasileira vem tentando fazer: personagens gays extremamente reais, sem caricaturas ou escracho. Os personagens são praticamente aquilo o que o brasileiro ama dizer quando conhece um gay: "sério que você é gays? nem parece...". Você que está me lendo, se for gay, provavelmente, já deve ter ouvido esse tipo de "elogio" de alguém (elogio uma ova, mas ok, vamos lá...). A série foca em três amigos e seus relacionamentos. Seja com namorado, ficantes ou até mesmo entre eles, amigos. Relacionamentos como um todo. Patrick, por exemplo, é o que segue mais à risca do clichê em ser gay, afinal, é o mais afeminado dentre os três, e isso acaba sendo interessante, afinal, "Looking" gosta de brincar com os estereótipos.

A primeira temporada é uma apresentação de ideias e um mundo natural. Possui de tudo um pouco e consegue sair do casulo, afinal, é uma série gay que poderia muito bem ser protagonizada por héteros, por exemplo. E isso é o que é mais chocante em "Looking": nos apresenta um mundo sem fantasias e próximo da nossa realidade. Aliás, impossível ser mais próximo do que já foi apresentado até agora. Seja gay ou hétero, quem nunca ficou em uma sinuca de bico em relação aos sentimentos amorosos de outra pessoa, se era ou não, recíproco? Quem nunca pensou que amava quando, na verdade, era algo passageiro? E, por mais clichê de comédia romântica que seja, quem nunca ficou dividido entre duas pessoas sem ter a certeza absoluta se era amor ou não, e pior, qual dos dois que era amor?. 


"Looking" vai se desenvolvendo de forma tão natural e agradável que as histórias vão surgindo e você nem percebe.  A sére não se apega aos personagens e nem cria aquela monagamia que só existe em comédia romântica (amo ele? vou ficar até o meu último minuto! - algo que as novelas brasileiras ainda não perceberam que precisam urgentemente mudar).

Já falei, mas vou repetir: é intenso, é real e natural. São gays, mas poderiam ser qualquer personagem ali. Se reconhecer em "Looking" é fácil. Infelizmente, a série não vem tendo uma boa audiência, apesar de ser bem reconhecida dentro do público gay, mas, ainda sim, espero que tenha a terceira temporada ano que vem. Possui uma qualidade técnica impecável e atuações bacanas. É uma série redondinha em todos os aspectos possíveis. E, se você não viu, assista o quanto antes. Em tempos de boicote à "Babilônia", "Looking" surge como uma amostra doce do que pode ser o futuro, mesmo que seja retratado o agora.

3 comentários:

Lara Mello disse...

Conheço a série de vista, mas fiquei curiosa pra ver =**

Serginho Tavares disse...

http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/series-canceladas/looking-esta-cancelada/

Serginho Tavares disse...

http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/series-canceladas/looking-esta-cancelada/