30/06/2018

vamos conversar sobre "rupaul's drag race"?

Até a oitava temporada, a vencedora de "RuPaul's Drag Race" era escolhida pela própria RuPaul que refletia qual das finalistas merecia levar a coroa após rever as conquistas individuais de cada uma pelo programa. A problemática disso, para alguns fãs, era que não era muito bacana a própria RuPaul escolher, afinal, não era lá tão justo com as outras finalistas. Aquela velha história da "favorita do professor", sabe?

Eis que, na nona temporada, Rupaul decidiu mudar os rumos do show e resolveu fazer uma grande batalha de lip sync na final. E a lógica disso faz muito sentido. Pois, se quatro ou três queens chegaram na grande final, significa que qualquer uma delas está apta a ser a grande vencedora da noite. E fazer essa lógica de "batalha final" apenas tira toda a responsabilidade das costas da RuPaul que não precisa levar todos os fatores possíveis em consideração e ainda sim cair na desgraça de escolher uma drag no qual o público não se identifica muito.

Claro que a grande batalha de lip sync ainda tem os seus problemas. Partindo dessa ideia, é como se o programa esquecesse tudo que as participantes fizeram e ganharam durante todo o programa, mas as quatro finalistas tiveram que passar por tudo para chegar à batalha final, ou seja, de uma forma ou de outra, faz sentido.

[o texto conterá spoilers - se você não viu a finale e não quer saber quem ganha, saia desse texto/blog agora mesmo!]


Diferente da nona temporada, onde o grande embate estava entre Shea Couleé (a favorita do público) e Sasha Velour, a décima temporada tinha quatro finalistas fortes e que poderiam sair vitoriosas. Na verdade, três grande finalistas que poderiam sair vitoriosas. Era evidente que Kameron Michaels não ia ser a grande vencedora da noite. Kameron foi bem, mas não tinha cara de winner, não era a grande favorita do público e nem tão popular entre as outras participantes da temporada. Kameron estava na média. Só isso. A coroa estava entre Eureka, Asia O'Hara e Aquaria.

Aquaria foi bem durante toda a temporada e cresceu muito a cada episódio. Sem contar nas runaways impecáveis onde ela sempre esteve deslumbrante. Particularmente, Aquaria foi uma grata surpresa. Não imaginava nem que gostaria tanto dela. E ela fez por merecer o "fan favorite". Eureka teve uma passagem complicada. E a edição "forçou" tanto ela que eu estava acreditando que ela seria a grande vencedora da noite. Eureka já tinha até um "ar de vencedora", se é que podemos dizer, nos últimos episódios (ainda mais se levarmos em consideração o embate dela com a The Vixen no Reunited). O problema é que a própria Eureka pesou no vitimismo durante a temporada inteira. Se por um lado ela ia bem nos desafios e nas runaways, por outro a própria se auto-sabotava quando tentava soar pessoal e íntima para o público quando falava dos seus inúmeros traumas: seja como cantora, como drag queen, como uma pessoa gorda... Eureka não soava sincera nem quando o "trauma" era de fácil assimilação. Algo que a própria Aquaria conseguiu se sobressair durante a temporada.

Agora temos que falar sobre a vencedora moral dessa temporada: Asia O'Hara. Era também evidente que Asia não ganharia (pra mim, o embate estava mesmo entre Aquaria e Eureka), mas ela foi uma das queens que mais cresceram durante o programa. Teve algumas escorregadas nas runaways e nos desafios, mas em compensação mostrou ser um ser humano incrível. Asia foi a única queen que entendeu de fato os problemas da The Vixen e a única que se posicionou a favor quando todas as outras resolveram falar mal dela no Reunited. Asia enfrentou a própria RuPaul (que não é dona da verdade e por mais legal que seja, ainda tem muito a aprender também).

Em todo caso, Aquaria foi merecedora da coroa.

"Rupaul's Drag Race", o programa em si, já possui alguns sinais de desgaste, mas ainda é um show válido e que traz uma visibilidade incrível para a comunidade LGBTQ+. 

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